No meu desenvolvimento como pesquisador, uma das grandes lições que aprendi com meu orientador, o Dr. Heitor Silvério Lopes, foi a importância de definir de antemão e claramente qual é a pergunta central do que estamos estudando.
Tenho trazido esta ponderação não só para os meus estudos científicos, mas também para os problemas enfrentados diariamente com análise de dados (especialmente aquelas envolvendo análise de vínculos) e nas consultorias que realizo para equipes de inteligência.
Em geral, quando nos deparamos com um grupo de arquivos e grandes volumes de dados que precisam ser analisados, o nosso impulso inicial é o de nos debruçarmos nos dados e tentar entender o que há disponível lá dentro e buscar as primeiras correlações mentais. Inicia-se ali uma busca por algo que salte aos olhos e que possa responder a alguma pergunta.
Especialmente no mundo da análise de vínculos, a ação inicial costuma ser: coloca tudo em um diagrama e vamos ver o que conseguimos encontrar. E se faz então uma inspeção para verificar quais os vínculos que se formam, quais agrupamentos são criados, quais as pontes existentes entre esses grupos, quais caminhos existem entre os alvos, etc. Tudo visualmente.
Em geral, a esperança é que visualmente seja possível encontrar alguma resposta para alguma pergunta.
Mas qual é a pergunta? O que realmente se está procurando? Qual é o problema central a ser solucionado?
É sabido que, em geral, durante o processo investigativo, acabamos encontrando respostas até para perguntas que não haviam sido feitas a priori e, ao observar os dados, um mundo de novas perguntas acaba sendo formulado.
Mas qual é a pergunta de verdade? Está bem claro para mim o que realmente estou buscando? Quais são os principais atores? Quais são os eventos iniciais que eu posso ter como norte? Eu dediquei alguns instantes para organizar as minhas ideias, as solicitações recebidas, e formular as perguntas que precisam ser feitas para os dados antes de iniciar a exploração?
Em outras palavras, o que estou querendo encontrar? Quais dados tenho disponíveis? Como eles podem me ajudar a chegar nas respostas que eu pretendo responder? Os dados são suficientes? Estão organizados de maneira que podem me conduzir até as respostas? Quais diagramas vou fazer primeiro? Como devo estruturar os elementos visuais da análise de vínculos a partir das minhas perguntas e dos dados que tenho em mãos?
Há uma grande verdade nesse processo: quando temos uma pergunta bem formulada previamente, e os parâmetros estão bem claros, a capacidade de chegar até as respostas se amplia, e a navegação pelo processo analítico se torna também mais bem guiado.
Portanto, ter as perguntas em mente antes de iniciar o trabalho, mesmo que nem todas ainda, vai ajudar a guiar as análises de forma mais contundente, além de ajudar a ganhar tempo não realizando experimentos que podem não levar a lugar nenhum e só roubam tempo precioso dos analistas.
E para o seu desafio de hoje, qual é a pergunta?